Costelas Felinas entrevista o autor miau Hilário Francisconi
1. As mídias sociais desempenham um papel para
você como autor?
Sem dúvida. Além de seu desempenho na
divulgação, é uma das formas mais eficazes de incentivo para o autor.
2. Sua obra passou por alguma mudança significativa desde o primeiro
rascunho?
Sim, incontáveis mudanças. São correções,
substituições de palavras e expressões (adjetivos, substantivos, advérbios),
acréscimos e, principalmente, cortes! Já se disse: “escrever é cortar”.
3. Em
quatro livros de sua autoria editados pela Costelas Felinas encontramos
Crônicas, Novela, Contos e Haicais. Conte-nos sobre sua disciplina de trabalho
para transitar com facilidade entre diferentes gêneros literários
Na verdade, sou bastante indisciplinado em
minha prática da escrita. O que me orienta, de modo geral, são os insights. Durante uma caminhada em meu
bairro, volto com duas ou três crônicas “prontas” na cabeça. E isto é pura
observação. Minha Novela “Almas Gêmeas”, publicada pela Editora Saramago (ainda
não conhecia a “Costelas”), sofreu forte influência de minha formação em
Psicanálise Clínica, cuja personagem - Agnes - é marcada pela síndrome do
abandono. Os Haicais fazem parte de
uma experiência no gênero, muito embora um insight
aqui e outro ali não devem ser descartados. Já a ideia dos Contos traz, em si,
a minha preferência, talvez uma influência de meu autor preferido: Edgard Allan
Poe. A dramaturgia apresenta-se como
algo novo em meu histórico, cujas peças teatrais penso publicá-las em
“Costelas”. Ainda há alguns argumentos e roteiros para curtas-metragens que
permanecem enclausurados em meus arquivos e, igualmente, os infantojuvenis.
4. O que inspirou o título da obra Crônicas Reunidas?
Simplesmente a vontade de
reuni-las em um único livro e, obviamente, “Costelas” teve minha preferência.
5. Em “Crônicas Reunidas”, a solidão
contemplativa dos dias se revela palpável. Como encontrar diversidade literária
num cotidiano atado à rotina?
Ótima
pergunta. A resposta pode ser revelada por intermédio do “espírito” do
Cronista, aquele que, ao sair para a vida e misturar-se no bojo do cotidiano,
irá trabalhar com a síntese dos acontecimentos, ou seja, usar sua “visão do
mundo” para a elaboração de sua obra. Na verdade, isto implicará na sua arte
literária ainda mais do que, propriamente, na realidade dos fatos observados.
6. Escrever uma obra é um ato fascinante, exaustivo ou os dois?
Os dois, sem sombra de dúvidas. Será exaustivo em sua execução e
fascinante pelo mesmo motivo. Afinal, escrever é uma ordem interior e à qual
não pretendo desobedecer.
7. O universo onírico tem destaque em sua
obra. Como você trabalha o mundo dos sonhos em sua composição de textos?
Acontece que eu sonho acordado. A propósito, já disse C.G.
Jung: “Quem abre os olhos, dorme; quem fecha os olhos, acorda”.
8. O que os leitores encontrarão na obra Crônicas Reunidas?
O cotidiano esmiuçado, cômico
algumas vezes, trágico ou romântico em outras, porém, sob uma ótica bastante
particular.
9. Você já experimentou o bloqueio do autor? Como você superou isso?
Penso ser impossível a um autor não passar
pela experiência do “bloqueio criativo”. Aquele que o disser haver passado
imune não é, com certeza, um escritor. Quanto à superação, o bloqueio passará
naturalmente. Parafraseando Eclesiastes, há tempo para tudo: tempo para
escrever e tempo para pausar. Fora do equilíbrio não há salvação!
10. Qual sua frase de incentivo para os autores iniciantes?
Primeiramente, leia. Depois -
quem sabe? -, escreva! Caso isto não
seja um “incentivo”, servirá como lição em favor do sucesso.
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"Crônicas Reunidas", nos convida a uma imersão profunda em sua
jornada criativa, abrangendo meticulosamente o período entre 2017 e 2020. Esta
obra, que emerge como um testemunho vívido da expressão literária do autor ao
longo desses anos, transcende meramente a compilação de textos; é uma jornada
que nos conduz por um labirinto intricado de experiências, reflexões e
insights.
O
leitor é transportado para um universo vasto e multifacetado, onde as crônicas
se entrelaçam como fios de uma tapeçaria, tecendo uma narrativa que é ao mesmo
tempo íntima e universal. Cada obra, seja ela "A Teia no Pote",
"A Viagem de Gracinda" ou "Meus Bichos", serve como uma
janela para o mundo de Francisconi, revelando seus fascínios, preocupações e
observações perspicazes.
A
jornada literária proposta por Francisconi não se limita apenas à descrição dos
eventos do cotidiano; é uma exploração profunda da condição humana, enraizada
na rica tradição das crônicas. Em suas páginas, somos confrontados com temas
que ressoam com a essência da vida: amor, solidão, esperança, perda e redenção.
Cada crônica é um espelho que reflete não apenas a realidade exterior, mas
também os anseios e dilemas internos que moldam nossa existência.
Além disso, as "invencionices" do autor adicionam uma dimensão adicional à obra, lançando luz sobre sua imaginação fértil e sua capacidade de transcender as fronteiras da realidade. Esses momentos de fantasia nos convidam a questionar as limitações da percepção e a explorar os reinos do possível, expandindo nossos horizontes além das convenções estabelecidas. [Cláudia Brino]