“Centelha Insana”, de Vieira Vivo, é um livro que privilegia o tema “fogo”, desafio dos tempos, remontando a Prometeu que restituiu aos homens (e pagou caro por isso) o fogo que Zeus, o deus dos deuses, lhes havia roubado, segundo a mitologia grega. É claro que o leque temático é mais amplo, circulando pela metafísica, pela transcendência, pela natureza, pelo mistério e pelo tempo, entre outros, mas foi no fogo que o autor concentrou o seu repertório-mor. A sua poesia está alinhada com a existencialidade, mostrando uma nova ordem poética, que é a capacidade de devanear com coisas sérias, dentro de um processo criativo que gravita em torno de uma estética própria, dividindo o espaço entre texto e imagem. Uma poesia irretocável que explora a musicalidade das palavras, dando-lhes um aspecto de tirar o fôlego! Não podemos esquecer, também, que “fogo” é uma palavra ambígua, contraditória, que tanto purifica como destrói!...E aí reside a sua exponencialidade poética. Por Silvério da Costa
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O fogo, tema/totem/liame a arder entre os versos deste Centelha Insana são invocados na linguagem do poeta Vieira Vivo, cuja poética liga a memória aos tempos em que o homem dominou o fogo e se igualou aos deuses. E o faz sem medo dos castigos divinos! Sopra sobre a brasa o ar, e da centelha reacende a sua pira – em que dançam as salamandras, o Eterno, as visões e o mistério. Por Roberto Massoni