LIVRO ARTESANAL - Uma arte em expansão - por Cláudia Brino

  


LIVRO ARTESANAL

Uma arte sempre em expansão

 .    Por Cláudia Brino

 O universo do livro artesanal remete à descoberta do papiro e do pergaminho.

O papiro é uma planta que após preparos específicos era usado também para os registros manuscritos, cada folha de papiro era denominada coluna e coladas umas às outras, formavam um rolo, o volumen. Atualmente os jornalistas escrevem em colunas e os livros são divididos em volumes, por causa do papiro.

No uso do pergaminho as peças de couro, após preparos, eram dobradas ao meio, formando assim folhas de peles que sobrepostas umas sobre as outras viravam cadernos, como conhecemos hoje. Para segurar esses cadernos que eram costurados uns aos outros, era necessário placas grossas, como tábuas de madeira ou marfim, formando assim o que conhecemos atualmente como “capa”.

Neste ponto tornou-se primordial elaborar enfeites para estas capas, então surgiram muitos trabalhos esculpidos nas placas, pedras preciosas e ouro também eram muito utilizados.

Com o surgimento do papel no século 105 d.C,  a encadernação foi ganhando outros aspectos, e o principal é que não havia mais a necessidade de usar “capas” tão pesadas para deixarem seus cadernos devidamente compactados.

Depois do advento da impressão no século XV, por Gutemberg, o mundo da encadernação ganhou outros horizontes; surgiram vários encadernadores que elaboravam as capas com ouro e em vários estilos, todos criados entre os artesões dos livros, que de certa forma criaram uma “competição”, pois um trabalho era mais elaborado que o outro. E assim dessa maneira surgiram verdadeiras obras de arte.

E foram criadas belíssimas capas, entre elas; estilo Fanfarra (com folhagem tropical), estilo mosaico (pedaços de couro com desenho em alto relevo), estilo espiral (desenhos geométricos), e todo esse trabalho era bordado com fio de ouro. É importante dizer que há várias técnicas de encadernação artesanal e cada uma traz uma particularidade, pois reflete sua região e o período histórico onde cada estilo foi criado.  Nesse universo encontraremos a encadernação/costura:  Belga, Bradel, Copta, Japonesa, Longstitch...

O livro artesanal até hoje tem espaço garantido em vários trabalhos de registros fotográficos, literários, didáticos e por aí vai. Pode ser confeccionado de forma rústica ou mais elaborado, chegando até mesmo a ser denominado “livro objeto” em alguns projetos de designers.

Atualmente, um livro artesanal, com teor literário ou educacional, pode ter seus registros como ISBN e ficha catalográfica, usar vários tipos de papeis e ainda ter um projeto diferenciado. É exatamente assim que acontece na Costelas Felinas (editora de livros e revistas artesanais, da qual atuo como editora e encadernadora, juntamente com Vieira Vivo). O selo Costelas Felinas, mesmo sendo um trabalho totalmente artesanal e independente, já conquistou alguns prêmios nacionais e internacionais.

Isso prova que essa arte em eterna expansão, conhecida como encadernação ou livro artesanal tem, como disse antes, espaço garantido em qualquer área. 


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