ENTREVISTA MIAU - autora Diane Southier para Costelas Felinas Editora

  

Não perca a entrevista exclusiva com Diane Southier, autora de PoeMaternos, lançado pela Costelas Felinas Editora, uma obra emocionante que celebra a maternidade com sensibilidade e profundidade.

1. As mídias sociais desempenham um papel para você como autora?

Sim, porque é onde eu publico poemas / textos e faço anúncios dos meus livros.

2. Sua obra passou por alguma mudança significativa desde o primeiro

rascunho?

PoeMaternos foi escrito ao longo de 6 anos. Alguns poemas são anteriores à gravidez. Durante a gravidez eu mantive um “diário de gestação” e depois fui escrevendo poemas ao  longo dos primeiros anos de vida do meu filho, com a intenção de elaborar um livro poético sobre maternidade. Assim, o “rascunho” de PoeMaternos foi sendo modificado  constantemente. Foi somente no início de 2024 que terminei de incluir e editar os poemas que seriam finalmente publicados em conjunto.

3 Como você aborda a transição da gestação ao puerpério em seus poemas em "Poematernos"?

Uma transição cheia de incertezas, medos e culpas, mas também cheia de amor e de coragem.

4. Quais são os principais conflitos maternos explorados por você na obra?

A sobrecarga de trabalho das mães, o machismo e o abandono da sociedade.

5. De que maneira você transforma suas experiências pessoais de maternidade em uma poética universal?

Há experiências comuns a todas ou a quase todas as mulheres na maternidade. Ao conseguir expressar essas experiências de forma aberta e amorosa, acredito que seja fácil para outras mulheres se reconhecerem – e saberem que não estão sozinhas. Temos que nos  e  conhecermos e nos  conectarmos umas às outras para estabelecer a dignidade que  merecemos, na importante tarefa de criar e formar seres humanos de respeito.

6. Escrever uma obra é um ato fascinante, exaustivo ou os dois?

Pode ser fascinante e/ou exaustivo. Livros mais densos e teóricos são mais exaustivos. No caso de PoeMaternos, por ser uma obra poética, a escrita foi sempre fascinante.

7. Como sua relação com a maternidade evoluiu ao longo dos seis anos para escrever sua obra?

Ela evoluiu com o tempo, com muita reflexão, com muito trabalho, muita prática, muitos erros e acertos, muita dor, muito medo e muita coragem. A evolução é o único sentido da maternidade. Tentar ser sempre melhor que ontem, aprender a não se cobrar tanto, saber que com o tempo tudo se acerta quando a gente tem boa intenção. Minha maternidade me fez evoluir e eu evoluí com a maternidade, no sentido de entender e aceitar a importância do cuidado entre os seres humanos - adultos e crianças. PoeMaternos é a prova escrita dessa evolução.

8. Qual é o impacto da depressão pós-parto em seus poemas e como a obra retrata a superação desse desafio?

A depressão pós-parto é muito comum entre as mulheres e pode durar anos  após o nascimento do bebê, se não for bem tratada. No meu caso, essa depressão começou cerca de 2 ou 3 meses depois do parto. Eu tinha pensamentos intrusivos muito delicados e procurei tratamento, mas demorei pelo menos 3 anos para superá-los. Isso não só por fatores químicos, mas pelo contexto em que vivia - pandemia, cansaço extremo, insegurança financeira, um relacionamento abusivo com o genitor do meu filho, mudanças constantes etc. PoeMaternos estava sendo escrito durante todo esse período e é o próprio retrato da superação da depressão pós-parto e desses outros problemas.

9. Você já experimentou o bloqueio do autor? Como você superou isso?

Não, pois a escrita poética para mim sempre foi algo muito livre e espontâneo. Não preciso forçá-la, ela simplesmente vem. O difícil é bloquear. Se bloqueasse seria como um bloqueio das minhas próprias emoções e pensamentos. Meus poemas costumam surgir de situações cotidianas, de reflexões constantes sobre a vida e o mundo, daquilo que sinto em cada momento. Quando os pensamentos se acumulam ou rondam muito a cabeça, versos e até estrofes inteiras vão se formando na minha mente. Eu começo a visualizar um poema: pensamentos e sentimentos que precisam ser expressados, conjurados, aliviados. Quando finalmente sento para escrevê-los - a maioria das vezes no celular mesmo -, o poema vai “escorrendo” da minha mente e do meu coração pelos meus dedos... eu pratico uma escrita poética espontânea sem pausa por alguns minutos, sem julgamentos sobre o poema, seja de gramática ou de coerência. Eu apenas escrevo. Quando me dou por satisfeita, aí sim volto ao início do poema para analisar sentido, coerência e ortografia. Um poema nesse exercício pode levar de uma a três semanas para ser terminado, pois costumo voltar a ele muitas vezes para revisões de sentido e escrita.

A bem da verdade é que meus poemas quase nunca estão de fato terminados, pois mesmo após anos eu ainda os revisito e trabalho em sua escrita. Caso muito tempo já tenha se passado entre a primeira escrita e essa nova revisão, costumo manter os poemas “originais” e faço essas alterações num poema à parte.

Assim que nunca experimentei um bloqueio de escrita. Se algum dia não escrevi, é porque a escrita ainda não estava se formando na minha cabeça –  o que em geral é só uma questão de tempo e de maturação dos pensamentos.

10. Qual sua frase de incentivo para os autores iniciantes?

Apenas escrevam. Escrevam muito. Escrevam sem regras. Escrevam como vocês pensam. Escrevam sem julgamentos. Escrevam com liberdade. Escrevam seus sentimentos. Escrevam muito. Apenas escrevam. E depois revisem tudo, escrevam mais e escrevam cada vez melhor :)

Abaixo poema do livro PoeMaternos 👇

Filho-amigo

 

Criar um filho

É criar um aliado

Dentro de casa e no mundo

É criar um amigo

 

Como toda amizade

Precisa de tempo

Demanda confiança

Muito amor e paciência

 

Pois a criança

É o puro ato de amar

É o puro ato de criar

Um ser humano em formação

 

A vida mesma é uma criança

Uma eterna criação

É uma dádiva

É presença

 

E apesar de difícil

É bonita

A que eu escolho viver

Com o meu filho-amigo


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