ENTREVISTA MIAU, autor Julio Cesar Medeiros para Costelas Felinas Editora
1. As mídias sociais
desempenham um papel para você como autor?
R: Sempre desempenharam e continuam atualmente muito mais devido o
crescimento e variação das mídias. Antes eu enviava textos para jornais e
revistas através de e-mails, Messenger e Twitter, depois criei três Blogs e
compartilhava os textos também no Facebook. Agora as mídias estão mais
populares e acessíveis como o Youtube, WhatsApp e Instagram, são as que eu mais
uso atualmente.
2. A obra “Crônicas, Casos e Causos Armação de Búzios” passou por alguma mudança significativa desde o primeiro rascunho?
R: Muitas. Devido quase sempre escrever já com um tema pré-determinado
anteriormente, foi difícil juntar mais de 300 textos de diferentes assuntos,
épocas e locais, e definir 50% deles para enviar para Editora Costelas
Felinas.
3. Você mencionou que a história, mesmo sendo sua, passa a pertencer ao personagem do mundo lírico. Como você enxerga essa transição entre o vivido e o narrado?
R: Durante a construção das histórias, eu era bem
dizer, todos os personagens. Com o livro pronto, os leitores se colocam em meu
lugar e passam a ser personagens. E acho isso bem normal.
4. Qual foi a maior dificuldade que encontrou ao tentar se tornar “invisível” no contexto das histórias que conta?
R: Tentar narrar as histórias na 3ª pessoa, já que não conseguia ficar
sem me envolver de alguma forma.
5. Você se vê como um intermediário entre as histórias e o leitor. Como essa percepção influenciou o modo como você estruturou o livro?
R: Um dia, durante um encontro de velhos amigos
(inclusive alguns que não via há muito tempo), após muita conversa e cervejas
também, entra em pauta lembranças das aventuras vividas na maioria recheadas de
humor, e mais uma vez fui cobrado e terminei também me cobrando escrever um
livro que falasse de mim, família, amigos e causos locais de onde eu estivesse.
E foi aí que surgiu o nome do livro Crônicas Casos e Causos
6. Escrever uma obra é um ato fascinante, exaustivo ou os dois?
R: Exaustivamente fascinante e prazerosamente muito lindo.
7. Durante o processo de escrita, em que momento você sentiu que as histórias deixaram de ser suas e passaram a pertencer ao universo literário?
R: Foi quando resolvi fazer a revisão textual e em seguida enviei para
Costelas Felinas.
8. O que os leitores encontrarão na obra Crônicas, Casos e Causos Armação de Búzios?
R: Na
maiores partes encontrarão humor tanto na ficção como na realidade, e creio que
devido ao feedback de muitos leitores, que se sentiram dentro do livro como
personagens e contadores de histórias, os novos leitores deverão sentir o
mesmo.
9. Você já experimentou o bloqueio do autor? Como você superou isso?
R: Claro que sim. Eu gostava de escrever pequenos textos, relativos ao
dia a dia, e até teimava em criar poesias, o que não era a minha praia, e não
pensava em escrever livros. Mas depois da morte do meu pai em 2004, embora ele
fosse avesso a qualquer exaltação ou publicidade em relação ao seu nome, eu
botei na cabeça que sua história escrita daria um bom livro e comecei a
escrever sobre aquele adolescente que saiu da pequena cidade de Guarabira do
estado da Paraíba, conheceu o mundo e veio encerrar sua jornada na Terra aos 81
anos aqui em Armação dos Búzios, onde foi homenageado ainda em vida e
eternizado com nome em uma rua no centro da cidade.
Passado mais ou menos um ano, depois de ter reunido diversas anotações
minhas e dele, assim como também fotografias antigas, comecei a escrever em
segredo o livro, Mas o que a princípio parecia ser fácil, ficava mais difícil a
cada página que escrevia e novas mudanças aconteciam, já que existia um irmão
mais novo do meu pai que enviava muitos e-mails falando sobre o meu pai e
sempre havia alguma discordância entre o correio eletrônico e nossas conversas
pelo telefone. Depois de dois anos o rascunho estava pronto, agora era só
seguir os tramites finais. Mas infelizmente meu computador teve um problema
devido a uma queda de energia justamente quando eu estava relendo o rascunho, e
no dia seguinte enviei para o conserto. E quando voltou notei a falta de vários
arquivos e principalmente o livro. Mas segundo o técnico ele tinha feito uma
cópia de segurança dos arquivos antes de formatar o HD, só que a pasta contendo
os arquivos relacionados ao livro sumiu. E depois disso tentei várias vezes
reescrever, mas não consegui, chegava em um certo ponto e dava um branco total,
então desisti de escrever o livro, assim como também as crônicas e abandonei um
projeto de um pequeno jornal.
Passado um tempo minha irmã criou um projeto chamado Antologia Poetas
Fazendo Arte em Búzios e me chamou para participar do 1º livro que recusei por
não ser poeta, mas depois vieram a II (que participei como uma crônica sobre um
dia com meu pai, que está também no Crônicas Casos e Causos) assim como nas III
e IV Antologias que depois de muita insistência de minha irmã voltei a escrever
crônicas.
Nota – Como sigo a doutrina espírita, acredito que esse bloqueio tenha
sido na verdade espiritual, já que me foi permitido escrever apenas “Um dia
inesquecível” com meu pai, e não sobre ele.
10. Qual sua frase de incentivo para os autores iniciantes?
R: Muitas pessoas me falam que gostariam de escrever, mas não sabem como
nem por onde começar, e eu penso que só em dizer isso que elas já têm sim
alguma ideia sobre o que querem escrever, mas existe uma mistura de medo e
timidez. Me enviam poesias, poemas e até curtas histórias. Perguntam se gostei,
mas todas logo avisam que ainda não terminaram de escrever. Então para essas
pessoas eu digo:
- “Se você quer escrever, escolha algo que goste ou se identifique bastante, escreva até achar que chegou ao final, e não jogue fora depois. ”